"A naturalidade é um acidente, a nacionalidade um artifício.(...) Sempre existiram línguas e religiões mas nem sempre existiram países. Parece-me incrivelmente estúpido que alguem mate em nome de um deus ou de um determinado conjunto de referências culturais; mais estúpido, porém, é matar em nome de uma linha preta assinalada num mapa.
Quando era menina ia à igreja com a minha avó materna e ia à mesquita com o meu avô paterno. Vi que o mistério era o mesmo. Vi que era o mesmo assombro diante da imensidão. O que difere é a liturgia. Esqueci a liturgia e fiquei com o mistério. quando me dói a alma ergo os olhos para o céu, não à procura de Deus, somente em busca de um pouco de luz e de um azul mais critalino.
O que me sustenta é a beleza. Rezo ao deserto para que continue a receber-me; rezo ao mar, e em especial ao grande e sereno Oceano Índico, para que não deixe nunca de me consolar com a sua voz de espuma; rezo às papaias pela sua carne e às goiabas pelo seu perfume.
Rezo ao deus indiferente dos gatos porque os fez magníficos e ao das baleias e das vacas pela sua mansidão. Sou mulher: rezo a tudo o que floresce e frutifica. Nada que cante ou que dance me é indiferente. Nada que fira ou destrua me é semelhante."
Faíza Hayat
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